terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Dá para emagrecer dormindo ? Sim, é só fazer musculação !

Ao pensar em alguma atividade para emagrecer, invariavelmente a corrida, bicicleta, caminhada, ou seja, exercícios aeróbicos, são os primeiros da lista. O que você provavelmente não sabe é que, a longo prazo, o gasto de energia em musculação pode ser superior. E se você está destreinado, os exercícios de força consomem mais energia em menos tempo. As atividades aeróbicas queimam gordura, mas só após certo tempo. Já os exercícios mais intensos e não tão longos, como a musculação, queimam reservas mais rápidas encontradas no músculo, como o ATP, o glicogênio e a creatina. Por isso, têm a fama de não ajudar no emagrecimento.
No entanto, nas horas posteriores (e mesmo dias depois), o corpo precisa recuperar as reservas energéticas utilizadas no esforço. Além disso, é preciso recuperar as células musculares e aumentar o volume de músculo (hipertrofia) como adaptação ao esforço sofrido. Para tudo isso o corpo utiliza energia, as tão famosas calorias, que vêm em sua maior parte das reservas de gordura. O total gasto durante o treino deve ser visto junto com o que foi gasto nas horas posteriores.
Assim, o total de energia gasta em um treino de musculação com maior intensidade e menor duração pode ser semelhante ao de um treino aeróbio mais longo. Uma pessoa destreinada pode não aguentar tanto tempo de corrida quanto seria necessário para emagrecer. Já na musculação, com intervalos, é possível começar com treinos que já consomem mais energia.
Emagreça dormindo.
A musculação proporciona a alteração da composição corporal: ganha-se (ou pelo menos mantêm-se) os músculos, que constituem a massa magra, e perde-se gordura, a massa gorda. O professor Tiago Poggio, da academia Bio Ritmo, comenta que “o emagrecimento deve estar relacionado com a perda de massa gorda e não de massa muscular”.
Nessa conta, muitas vezes o efeito não aparece na balança, pois a massa muscular pesa mais do que a gordura, ocupando um volume menor. Ou seja: podemos emagrecer visivelmente, ganhando músculos e perdendo medidas, sem que isso seja perceptível no peso.

A massa magra também acelera o nosso metabolismo: os músculos gastam mais energia para se manter do que a gordura. Com isso, o aumento da massa magra acarreta um aumento da energia necessária para manter o corpo vivo no seu dia a dia (taxa metabólica de repouso). Assim, o ganho de massa muscular contribui para o aumento do gasto energético em repouso, e você emagrece dormindo.
Um pequeno aumento da massa magra provoca um aumento quase insignificante do metabolismo, mas algumas alterações fisiológicas (ainda não completamente explicadas) indicam que a musculação gera um aumento do metabolismo desproporcional ao ganho de massa muscular, bem mais significativo para o total de energia gasta em um dia.
Dieta mais exercício.
Assim como qualquer outro exercício, a musculação não faz milagre. Ela terá efeitos muito maiores se combinado com uma alimentação adequada, o que não significa passar fome. O corpo precisa de uma série de nutrientes para compor a nova massa muscular, para isso, uma alimentação balanceada é essencial.
Na falta de alimento, a primeira coisa que o corpo faz é diminuir a massa muscular, pois ela consome muita energia. Mas, segundo o professor Paulo Gentil, presidente do Gease (Grupo de Estudos Avançados em Saúde e Exercícios) e autor do livro “Emagrecimento: quebrando mitos e mudando paradigmas”, pesquisas mostram que mesmo em dietas muito restritivas, a musculatura é preservada se a pessoa fizer musculação e a massa gordurosa é perdida. Já se a dieta rigorosa for feita junto ao treino aeróbico, há perda de peso semelhante, mas também perde-se massa muscular, diminuindo o metabolismo de repouso. O ideal é consultar um nutricionista para adequar a dieta ao exercício e a seus objetivos de perda de peso.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Por que as mulheres sofrem mais com as enxaquecas?

Desequilíbrios hormonais da menstruação e stress da vida moderna podem aumentar os casos de crises da cefaleia feminina.
As crises agudas de enxaqueca são três vezes mais comuns nas mulheres, quando comparadas aos homens, segundo a Sociedade Americana de Dor de Cabeça. A medicina não conseguiu desvendar o motivo exato, mas uma série de pesquisas pode estar próxima da resposta. Dados apresentados durante o 24º Congresso Brasileiro de Cefaleia, em Gramado, no Rio Grande do Sul, parecem indicar o estrogênio (hormônio feminino) como o principal vilão na diferença entre os gêneros. “A tese é válida para o grupo de mulheres que já têm enxaqueca ou uma propensão genética a ela”, afirma a neurologista americana Elizabeth Loder, chefe do Departamento de Dor de Cabeça e Dor do Brigham and Women´s Hospital, em Boston, nos Estados Unidos, e professora da Universidade de Harvard.
De acordo com dados do encontro, 25% das mulheres que têm enxaqueca relacionam as dores de cabeça com o período menstrual. “A queda do estrogênio é um dos gatilhos para disparar a enxaqueca. Hoje, não se conhece muito precisamente qual o papel dele no cérebro, mas já se sabe que ele tem ação na quantidade de dor que sentimos”, diz Elizabeth. As mudanças nos níveis hormonais decorrentes do ciclo menstrual têm uma grande influência na maneira como o cérebro lida com a dor. Isso significa que, quando o nível de estrogênio despenca, a tendência é que uma dor que passaria despercebida se transforme em algo muito sofrido. “Por isso, ela pode ter a enxaqueca menstrual alguns dias antes ou depois do sangramento, mas não durante a ovulação”, explica a neurologista Eliana Meire Melhado, professora na Faculdade de Medicina de Catanduva.

Mas nem tudo está dentro do corpo. Os médicos são unânimes em alertar que o estilo e a cultura ocidentais modernas têm um peso grande na dor que a mulher sente. “Existe um stress enorme sobre ela. É a casa para cuidar, os filhos para educar, a vida profissional. Hoje, a mulher tem enormes responsabilidades e menos oportunidades de descansar quando está com dor de cabeça, por exemplo”, diz Elizabeth. A rotina abarrotada, quando unida às questões hormonais, acaba virando uma bomba na saúde. “Costumo dizer que a mulher passou a sentir mais enxaqueca depois de sua emancipação, quando ela começa a engravidar menos e a menstruar mais”, diz Eliana.

Gravidez e menopausa – Durante os nove meses da gestação, o organismo feminino atinge seu ápice de produção de hormônios. Com o nível de estrogênio nas alturas, a tendência é que a dor de cabeça seja reduzida – em intensidade e freqüência. “A melhora é progressiva. No primeiro trimestre, as taxas mostram que 50% das mulheres tendem a melhorar das enxaquecas, no segundo, 55%, e, no terceiro, 63% delas melhoram”, diz Eliana. Mas, logo depois que o bebê nasce e com o restabelecimento dos níveis normais dos hormônios, as dores tendem a voltar ao padrão anterior à gravidez.

O único momento em que as dores de cabeça tendem a diminuir e se manterem assim é na menopausa. “Mas forçar uma situação de menopausa, como com a retiradas dos ovários, tem mostrado um resultado inverso: as enxaquecas tendem a piorar”, explica Elizabeth. Os motivos ainda não foram explicados, mas suspeita-se que o organismo não reaja bem ao corte repentino em sua própria produção de hormônios.
Tratamento – Quando a enxaqueca vem relacionada ao ciclo menstrual, a recomendação é que se trate apenas a dor de cabeça, logo que ela apareça. “O ideal é que se tome remédio apenas quando há dor”, explica Elizabeth. A primeira tentativa é feita com os triptanos (criados na década de 1990, são os medicamentos mais modernos para combater a dor de cabeça), mas, em casos mais severos, medicações contínuas de até cinco dias podem ser mais eficientes. Há ainda a opção de estabilizar o nível de estrogênio. “É importante ressaltar que ainda não existem medicamentos, como os adesivos corporais (patchs), que consigam reproduzir a liberação constante e contínua do organismo feminino.” Uma segunda alternativa seria, então, emendar cartelas da pílula anticoncepcional de três a quatro meses. Mas a prática ainda é polêmica. Há médicos que defendem que esse tratamento aumente o risco de derrames e coágulos sanguíneos. “Há também algumas opções não medicamentosas, que podem ajudar no quadro da paciente, como massagem e exercícios físicos”, diz Eliana.